quarta-feira, abril 30, 2008

About to Crash

10 anos, cara! 10 anos que eu tenho carteira de motorista! Depois de 10 anos, primeira batida! Que droga! Agora, tenho que gastar um dinheirão! Aí eu começo a pensar (apertem o cinto, vou viajar):
Pô, se eu não tivesse batido, eu não teria que gastar todo esse dinheiro. Daqui a pouco, eu me recupero desse buraco no meu bolso. Mas aí eu vou acabar tendo pago para voltar para o mesmo estado em que eu estava antes da batida. No final das contas, estou pagando para NADA!
Imaginem agora que alguém volta no tempo e me avisa para não sair de casa naquele dia que eu iria bater, dizendo que eu teria que gastar X reais no conserto do carro. Considerando que eu acredite no aspirante a Marty McFly, eu agora poderia gastar X reais em qualquer coisa (por mais idiota que seja)! No futuro, eu estarei igual a como eu estarei no meu futuro real, mas com minha coisa idiota de X reais!
Sei lá, dinheiro é recuperável quando é gasto em alguma coisa. Mas quando é gasto em NADA, me dá uma certa raiva. Tudo bem, como diria Arnaldo Antunes: dinheiro só tem valor quando se gasta! Mas acho que ele queria dizer "quando se gasta em alguma coisa"! Eu realmente gostaria que o pessoal do futuro começasse a intervir mais no passado para evitar esses desperdícios.

Estou meio confuso. Deu para notar, né?

sábado, abril 26, 2008

Férias

Oi pessoal,
Podem acreditar. Estou de volta depois de meses. Muita coisa aconteceu. Coisas boas e coisas ruins. Bem, como eu um dia ouvi, nós temos que guardar o que for bom e aprender com o que for ruim. Das coisas ruins guardamos apenas o que aprendemos. Esse post, então, é para falar de coisas BOAS. Especificamente uma coisa maravilhosa que já aconteceu há algum tempo e ainda não tive tempo de eternizá-la aqui. Detalhe: estou escrevendo enquanto meus experimentos para a tese de doutorado estão sendo processados. Como tenho que esperar, não estou perdendo tanto tempo.
A palavra "férias" ainda me remete a colégio. Na faculdade, não tive férias propriamente ditas. Acho que nunca parava de ir para o Fundão (até mesmo por ser legal mesmo). Mas agora, trabalhando, eu iria ter férias e condições de aproveitá-las. Depois de alguma negociação, conseguimos, eu e a Maria Paula, arrumar tudo para visitar meu pai e o pessoal em março desse ano. Dizem que preparar a festa pode ser melhor que a festa em sí. Nesse caso, não foi melhor, mas a festa foi muito bem preparada e planejada. Como se diz em projetos de engenharia, projetar sem planejar é projetar para falhar. Fizemos, então um calendário, arrumamos cada dia, nos informamos do que poderíamos fazer, que lugares poderíamos visitar, compramos ingressos do que foi possível, reservamos hotéis e estava tudo certinho. Ready to go!

No dia 29 de fevereiro, saí mais cedo do trabalho, fomos para o Aeroporto do Galeão, o qual passamos a chamar carinhosamente de GIG nos últimos meses. Nossa, eu não cabia em mim de tanta empolgação. Era muita coisa acontecendo e eu estava disposto a aproveitar cada vão momento. Cada passo no aeroporto era como um pulo de felicidade. Era um pouquinho da ficha que caía. Cada guichê que passávamos era um "cacete! a gente vai mesmo!". Nos despedimos do pessoal que estava lá no aeroporto, que incluía a família da MP e meu grande amigo Zitolito. Ao entrar na sala de espera dando tchau pra galera eu falei: "eu acho que eu nunca fiz isso antes". Tudo era excitante e eu estava muito feliz.

O vôo foi tranquilo. Dormi boa parte do percurso. Ao chegar em Atlanta, liguei para o papai para avisá-lo. Liguei a cobrar: collect call para que não sabia (eu me incluo). Em Atlanta, ainda não conseguia me sentir nos EUA. Acho que, quando fui ainda criança, por ser um lugar diferente e novo, eu senti muita diferença. Não sei, hoje em dia é só ligar a TV e o "american way of life" inunda nossas vidas. Por essas e outras, agora eu não estava tão "impressionado". Mesmo assim, tudo aquilo era foda demais! Pegamos então o avião para LA.


Lá chegando, fomos recepcionados calorosamente pela família toda: papai, Shannon, Kevin, Brian e Charlote. Ei! Peraí! Charlote quem? Depois eu explico! Deixa eu falar do encontro. Po! Foi muito legal rever a todos! Brian cresceu! Kevin cresceu mais ainda! Não que tenha me passado, mas que o bicho tava grande, ah isso ele tava! Muito legal também ver a Shannon que está mais ou menos igual à que eu lembrava. Adorei poder abraçar o papai de novo! É claro que eu falava
com ele no Skype e o via, mas agora era diferente! O pessoal conheceu a Maria Paula, pegamos as malas e, em seguida, a estrada I405 rumo a Irvine. Comemos num restaurante chinês, chamado Chinez Restaurant, fomos apresentados ao Arnold Palmer, visitamos despretenciosamente uma loja e fomos para casa. Digo casa e não "casa do papai" pois foi exatamente assim que me senti. Talvez não de início, mas ao longo dos dias eu já não me sentia mais em outro país ou em outra casa ou como um hóspede. Mas sim, na casa da minha família! O que é muito bom! Abri as malas e distribui as coisas que eu trouxe. Infelizmente o quadro que eu tinha feito se quebrou. Meu pai me entregou minha nova câmera fotográfica e eu me senti como Sweeney Todd quando pegou suas velhas navalhas: "Agora meu braço está completo novamente!". Destaque especial para a encomenda descrita há alguns posts atrás. Passeamos um pouco pela cidade de carro, conhecemos alguns lugares e fomos nos familiarizando com os nomes das ruas, o que pode ser bem confuso. A cidade dele é muito legal de se viver. Tudo lá é muito organizado e parece funcionar como uma engrenagem! As pessoas são educadas e tudo acontece num clima bem calmo e tranqüilo. Maiores detalhes aqui. De noite jantamos no Mimi's Cafe.


O dia seguinte foi o dia da grande partida de tênis, a qual perdi de 6x1, o que garantiu a meu pai mais alguns meses de invencibilidade e a mim, uma bela dor nas costas que me acompanhou por boa parte da viagem. Passeamos mais, fomos à Missa na Igreja St John Neumann e fomos almoçar, quer dizer, "destruir" no Lucille's BBQ junto com minha foster family. Quem? Agora posso explicar: é uma família amiga vinda de Gales. É composta pela mãe, Karen, pelo pai Cyro e
pelos filhos: Michelle, Charlote e Alexander. Atualmente, era completada ainda pela Madeleine. Mãe do Cyro, que estava de visita. Eles são muito legais e gentis, principalmente a Karen. No final das contas, tudo funcionava como se todos eles, mais a minha família, fossem uma família só, a quem eu me acostumei a chamar de família extendida ou foster family.


Segunda feira foi dia de ir para Los Angeles, mais especificamente Hollywood e Beverly Hills. Nos perdemos um pouquinho no caminho mas chegamos direitinho. Visitamos o Kodak Theater, o Chinese Theater, andamos pela Calçada da Fama, vimos aqueles nomes com estrelas no chão, vimos aquelas mãos e pés marcados no cimento, conseguimos ver ao longe aquele letreiro escrito Hollywood, que fica num morro e finalmente pegamos um ônibus de dois andares para conhecer o resto da cidade. Foi interessante, mas muito rápido. Deu para dar uma boa resumida na visita. Visitamos também o museu de cera. Aqui vai uma dica sobre o museu de cera de Hollywood: tooooooosco! Se for a algum, tente ir no Madame Tousseau (não sei se é assim que escreve). No fim do dia, chegamos até a ver o tapate vermelho extendido na Hollywood Blv. para a estréia de um filme com Martin Lawrence. É estranho ver como essa cidade gira totalmente em torno do cinema. Toda a cidade é mobilizada para uma estréia de um filme, modificando o trânsito de várias ruas em torno do centro.


No dia seguinte, há uma pequena mudança de planos e fomos para um dos parques da Disney: California Adventure. O papai nos deixou lá para retornar ao fim do dia. É um parquezinho bem legal com algumas atrações bem interessantes. Destaques são: Soaring Over California, que é um simulador de vôo de asa delta sobre a California (bem real e um dos melhores), It's tough to be a Bug, que é um teatro 3D sobre o filme Vida de Inseto, Hollywood Tower (basicamente um elevador de carga cheio de pessoas que fica subindo e caindo) e, é claro, o California Screamer, que é uma montanha russa muito absurda com direito a loop e tudo! É um parque interessante e o dia foi muito proveitoso. Ainda mais porque eu tinha pensado em não visitar a Disney por já conhecer. Valeu a pena. Na volta, o papai nos buscou junto com a dupla dinâmica Kevin e Brian e visitamos algumas lojas no Downtown Disney, incluindo uma loja de Lego e uma de Memorabilia, que incluía action figures, discos e instrumentos autografados por Queen, Rush, Beatles, Deep Purple e Merdallica.

Na quarta, meio da primeira semana, saímos com o papai para visitar algumas praias próximas. Mas antes passamos pela University of California in Irvine (UCI). Não, não é o cinema! Bem organizadinha, grande e limpa. Passamos até pela Henry Samuelli School of Engineering. Mas não entrei em nenhum prédio. Chegamos depois a Newport Beach e essa foi minha primeira visita ao Pacífico. Mas as praias de lá são muito diferentes: principalmente por não se poder entrar na água ou ficar mais à vontade por causa da temperatura. Lá é muito frio! Depois de lá, fomos a Venice Beach. Lar de halterofilistas, hippies, bêbados e de todo o tipo de gente, é um lugar um pouquinho estranho. É mais ou menos como os becos da Lapa em plena praia. Terminamos nosso passeio indo para Long Beach, onde há eventos de automobilismo e onde o navio Queen Mary está atracado.


A quinta feira foi o dia de pegar o carro sozinhos!! Sim, eu, Maria Paula e a estrada!! Rumo a San Diego!! Sem contar uma pequena perdidinha, chegamos no Sea World direitinho em tempo para ver todos os shows. Foi bem legal. A única parte não tão legal foi a correria entre os shows. Detalhe bom: o dia estava bem quente!


Sexta feira era o dia de nossa grande viagem para Las Vegas! Mas antes, rolou uma visitinha à Laguna Beach, que é um ponto de onde se pode ver baleias (mesmo sem nós termos visto nenhuma). Depois do almoço, apanhamos o Brian (a.k.a Elton John - explico em outro post) na escola e pegamos a estrada pelo deserto! Quatro horas depois e algumas paradas Brianianas para ir ao banheiro, estávamos todos (incluindo a família extendida) chegando em Vegas. Rolou um lanchinho no McDonalds, com direito a uma pequena guerra de comida. Ao sair de lá, retomamos a estrada e em poucos minutos, já era possível ver a luz do holofote no alto da pirâmide do Luxor. Cruzamos então o Las Vegas Blv (mais conhecido como The Strip). O que aconteceu depois, eu não posso falar. Como dizem por lá, "what happens in Vegas stay in Vegas".

Brincadeira! Chegamos a nosso hotel, o Imperial Palace Hotel. Bem baratinho, muito bem localizado e com um cassino bem grande na portaria. O único problema é que esse cassino, passagem obrigatória para entrar e sair do hotel, fedia! Mas fedia muito!! Não era cheiro de cigarro. Era um fedor que eu não conseguia distinguir e que eu não encontrei em nenhum outro cassino de Las Vegas. Nessa primeira noite ficamos apenas nesse cassino fedido mesmo. Apostei 20 dólares! Perdi. Enquanto isso, meu pai ganhou 200! A estadia em Vegas já estava paga.



O sábado foi um dia de visita a vários cassinos / hotéis. Desde muito cedo, JÁ tem gente jogando. Ou talvez o certo seria "AINDA tem gente jogando"? Tomamos um café da manhã rápido e fomos para a Strip. Visitamos Paris, MGM (almoçando no Rain Forest Cafe), Excalibur, New York New York, fomos à loja da Coca-Cola e da M&M's, vimos o show de águas em frente ao Belaggio e terminamos a noite visitando o Caesar's Palace e lanchando no Planet Hollywood. Enquanto o pessoal voltava para o hotel, eu e a Maria Paula tínhamos compromisso para a noite: Cirque du Soleil no Mirage, mais especificamente o espetáculo Love, com músicas de Os The Beatles. Foi legal, mas nada de demais. No dia seguinte, café da manhã no Venitian e mais visitas a mais cassinos, hotéis e lojas, incluindo uma passagem obrigatória na Build-a-Bear (explicação em outro post!). No fim do dia, estrada de volta para casa.


No dia seguinte, fomos à Missa, já que não tínhamos ido no domingo. Em seguida, pegamos novamente o carro "all by ourselves" para irmos à Disneyland. Esta é a original! Mas é menor do que a de Orlando. Especialmente o castelo. Parece um briquedinho perto do de Orlando. Mas foi um dia muito divertido. Fomos à Montanha Russa da Mina, Space e Splash Mountains, Piratas do Caribe, Nemo, Indiana Jones e outras coisinhas mais, incluindo um brinquedo com tema de Star Wars (que eu já tinha visto no MGM Studios em Orlando). A Space Moutain parecia muito menor e menos assustadora do que antes. Acho que deve ser a idade. A dia terminou com um show de fogos que começou meio frio, mas depois ficou surpreendentemente bom! Foi bem empolgante!


A terça feira marcou o início de nossa viagem a San Francisco. Acordamos cedo e fomos para o Aeroporto John Wayne em Santa Ana. Vôo tranqüilo. Chegamos a Oakland e, de lá, pegamos uma van para o Holiday Inn. Foi só o tempo de chegar, pegar um lanche no MerdiDonald's e ir diretinho para nosso primeiro passeio programado: um city tour. Foi bom para conhecer a cidade e seu famoso frio! Sim! Frio! Muito frio! Passamos por Fisherman's Wharf, Twin Peaks (lembra da Laura Palmer?), Japanese Tea Garden, Golden Gate Bridge, vimos as casas em estilo vitoriano, o peculiar fog e muito mais. Depois ainda pegamos o famoso Cable Car e fomos até o centro da cidade, passando pela Union Square. À noite, jantamos uma sopa que vinha dentro de um pão que era vendido numa mega padaria chamada Boudin (muito aconchegante). Detalhe que a burrice se apoderou de mim ao chegar no hotel e eu, logo eu, pensei que estivesse tranqüilo para sair na rua sem casaco. Conclusão: tenho um novo casaco, comprado às pressas, que apelidei carinhosamente de "Burrice".


No dia seguinte, já tínhamos outro passeio programado. Dessa vez, para Monterey e Carmel. Ambas as cidades ficam ao Sul de San Francisco. Monterey é uma cidade litorânea meio vazia (tecla SAP: programa de índio). O caminho para Carmel é bem bonito mas a cidade em si, apesar de bem charmosinha, também não apresentaria muitas atrações, constituindo um programa de aborígene. Para quem não sabe, Carmel já teve um prefeito ilustre: Clint Eastwood. Conclusão final do passeio: furada! Se você não conhece, não gaste seu dinheiro. Só valeu pelo pedaço de Parmesiano Reggiano que comprei num shoppingzinho local. Voltamos para San Francisco atravessando o Silicon Valley. Mas a noite não nos permitiu ver muita coisa. Fim de noite: pizza e American Idol no quarto do hotel. Precisaríamos dormir cedo para o dia seguinte.


Acordamos cedo e pegamos o ônibus para o Yosemite Park. Foi uma longa viagem, mas bastante recompensadora. Lá é muito bonito e proporcionou momentos e fotografias memoráveis. O grande destaque foi que vimos NEVE!!! Sim! Neve! Foi uma grande surpresa! Do nada, aquela coisa branca apareceu na calçada! Andamos pela neve, fizemos bola de neve, jogamos... foi bem divertido. No dia seguinte, acordamos e já fomos para nossa passeio à Alcatraz. É estranho uma cidade que tem, como atração turística, uma prisão. Ou uma ex-prisão. Mas lá é bem interessante. Rola uma visita guiada por áudio e tudo é feito de forma bem cativante. Na verdade, hoje, Alcatraz é o parque nacional mais visitado dos EUA. Saímos de lá e fomos para outro passeio, dessa vez de barco pela baía: o chamado Bay Cruise. Chegamos até a passar por baixo da Golden Gate Bridge. Muito legal. Terminamos a manhã visitando o Pier 39. Mais tarde encontramos com meu primo, Paulinho. Ele mora em San Jose e, no seu papel de gentil cicerone, nos levou para mais alguns passeios incluindo a rua mais sinuosa do mundo, Lombard Street, e a Universidade de Berkley. Jantamos num restaurante Tailandês e fomos levados para o Aeroporto do Oakland para voltar para casa. Sim! Casa! Irvine! Eu já estava com saudade!


No nosso último sábado, fomos todos, extendidamente, para os Universal Studios. Lá, acabamos tirando vantagem de um fato chato: Cyro estava de cadeira de rodas por conta de uma cirurgia no joelho. Por isso, o grupo todo (isso significa 12 pessoas) poderia furar TODAS as filas no parque! Era só querer ir a alguma atração e 1 segundo depois, já estávamos nos divertindo! Os grandes destaques ficaram por conta do Jurassic Park, o Retorno da Múmia, Studio Tour e os shows de efeitos especiais. Foi muito legal passear com todos e foi uma boa forma de dizer adeus (ou um "até logo") para essa grande nova família.


O domingo foi dia de Missa, de arrumar malas e de dizer adeus a toda essa nova rotina de vida.
Nossa viagem de volta estava marcada para segunda feira. Foi bastante emocionante, especialmente para mim e para meu pai. Acho que eu já estava com muita saudade de todos que eu logo deixaria e sentia a angústia do meu pai em me ver partir para passar mais alguns meses longe. Ao mesmo tempo, eu me via me despedindo de uma parte essencial da minha família e de toda a vida que me foi apresentada em tão pouco tempo mas de forma tão intensa. Foi uma experiência fantástica e que ficará para sempre no meu coração. Espero voltar (ou ser visitado!) o quanto antes! Até logo, pessoal!