sexta-feira, abril 02, 2010

Dream Theater: isso não é banda... é time, é seleção!

Isso não é banda... é time, é seleção!
Eu não sou fã... sou torcedor!
Isso não é público... é nação!
André de Lemos
Foi nesse espírito que cheguei ao re-re-re-batizado Metropolitan para o show do Dream Theater, que veio visitar a cidade maravilhosa por conta do novo disco, Black Clouds and Silver Linings. O disco está muito bom. Bem melhor que seu antecessor, Systematic Chaos. Além de músicas bem "metal", tem também a parcela puramente progressiva que vinha sendo deixada de lado há algum tempo. Isso sem falar nos inúmeros covers que foram lançados em forma de singles. Destque especial para Stargazer, do Rainbow (pra mim, nunca na história dessa banda o vocal de James Labrie esteve melhor), e o medley Tenement Funster / Flick of the Wrist / Lily of the Valley, do Queen, contando com um arranjo primoroso juntando o que há de melhor nessas duas bandas geniais.

Cheguei à casa de shows segundos antes do início da apresentação da banda de abertura, Big Elf. Eles entraram ao som da Marcha Imperial, de John Williams. Inclusive o vocalista tinha um boneco do Yoda em cima do teclado. A banda tem um clima muito "primórdios do Black Sabbath". Os teclados dão um clima bem interessante e os integrantes são todos barbudos e carismáticos. Ganharam o público, o que é um grande feito... ainda mais diante de uma nação de torcedores como essa.


Tem início, então, a espera pelo prato principal. O mais legal foi que o pessoal do DT, leia-se Mike Portnoy, definiu como música ambiente um conjunto de versões "voz & violão" de músicas do DT. A galera cantava tudo, inclusive o solo! Foi uma coisa contagiante ouvir todos cantarem a letra de As I Am, os solos de Erotomania e de Ytse Jam. Acho que foi um dos raros momentos de arrepio antes mesmo de começar o show! Depois de um tempo, começa a ecoar a tenebrosa trilha sonora de Psicose que marca o início do show do DT, mas o pano que cobre o palco permanecia levantado durante as primeiras notas da introdução de piano de A Nightmare to Remember. O pano finalmente cai quando entra a guitarra de John Petrucci revelando um palco ultra clean. Havia apenas os músicos com seus instrumentos, sem nenhuma decoração além do telão ao fundo. Essa primeira música foi matadora, dando o tom do show! Foi muitíssimo bem recebida por todos, que cantaram a música toda! Ela representa uma ótima síntese da atual formação da banda.

Imediatamente a seguir, emendaram no riffão de The Mirror! Foi aí que começou a bateção de cabeça! Sim, porque, durante a primeira música, a única reação da galera foi a de "caralho!! toca pra cacete!! porra!!". Aliás, consegui um lugar na platéia bem em frente ao Petrucci e posso dizer que é inacreditável vê-lo tocar. O cara é uma máquina!! É quase que assustador!

Sem perder tempo, então, já seguem para Lie, a música seguinte no mesmo disco. Acho que foi por aí que houve um dos momentos malabarísticos do show: no meio da música, Mike Portnoy joga uma das baquetas em direção ao lado de fora do palco e o roadie, que deveria estar a mais de 20 metros, a pega no ar. Não sei se o roadie chegou a fazer alguma coisa com ela, mas logo depois ele a joga de volta e Mike consegue apanhá-la no ar durante a execução da música sem deixar a peteca cair!! Sensacional! Foi apludido por todos!! Alías, tenho essa opinião desde o show deles de 2005: Mike Portnoy é um show à parte!

Logo depois, vem outra música do disco novo: A Rite of Passage. Muito boa ao vivo! A curiosidade dessa música foi o fato de Jordan Rudess ter tocado parte do solo de teclado em seu iPod usando um app concebido por ele mesmo! Além disso, tudo que ele tocava era reproduzido "ipsis litteris" por uma animação que passava no telão! Imagino fazer parte do tal app. Ele é O cara!!
Essa música é imediatamente emendada num mega solo de teclado que ia do psicodélico ao virtuoso caindo no riff inicial de Sacrified Sons. Eu particularmente ouvia essa música apenas como uma punhetação sobre o 11 de setembro em volta de um solo absurdo que sempre me lembra Tarkus do Emerson Lake & Palmer. Depois de vê-la ao vivo, mudei de opinião. Deu para ver o quanto essa música "toca" os membros do grupo. Ela foi cantada quase que em uníssono por LaBrie, Portnoy e Petrucci. Foi realmente emocionante.

Depois disso, vem um ponto fraco do show: uma das piores música do DT, Solitary Shell. O grande lance foi uma enxurrada de improvisação beirando o impossível! O mais legal foi o duo de guitarra e teclado que Petrucci e Rudess fizeram bem na frente do palco. Posso dizer que ouvi e vi a melhor versão de Solitary Shell da história, até porque essa música é bem fraquinha!!

Ainda bem que depois veio uma das maiores porradas da história do Dream Theater: In the Name of God. Dos riffs explosivos aos refrões gritados até o pulmão virar do avesso, passando pelos solos malabarísticos, foi um dos pontos altos do show. Tão bom que só pôde ser igualado ao clássico mór Take The Time do antológico Image and Words. Nem o fato de eles terem comido parte da música tirou o encanto da parada. Só de sacanagem, ainda mandam Anthem, do Rush, no meio da música! Muito foda!!

Teve fim então o tempo regulamentar. Na volta, Jordan chega com uma camisa com a foto de Mike Portnoy. Pelo que eu entendi, deve ter recebido de presente de um fã. Mike ficou se curvando diante de sua própria imagem... esse cara é um fanfarrão!

O bis vem com o épico do último disco, The Count Of Tuscany. Mas acho que esse também foi, pelo menos para mim, um ponto baixo do show. Tinha tanta música deste disco ou de outros que poderiam fechar o show de forma bem mais apoteótica, mas tudo bem... foi um mega-showzaço!! Imperdível!!