quinta-feira, novembro 27, 2008

Queen! Queen! Queen!


ATTENTION: LONG POST ALERT!!!


Milênios depois, retorno... mas por um bom motivo! Ontem voei para Sampa. E enquanto via as manchas de óleo na Baía de Guanabara através da janela do avião, eu pensei: "Rio, já estou voltando... e quando voltar, trarei um show do Queen na bagagem". Aqui caberia toda aquela discussão do tipo "Po! Não é Queen sem o Freddie!". Foi quando, tentando dormir numa poltroninha pra lá de desconfortável eu pensei: "Beleza então, estou indo ver o show do Smile com alguns músicos contratados!". Não que eu precisasse de algum pensamento reconfortador como esse. O fato é que eu iria ver um dos meus ídolos da música de todos os tempo: Brian May
Chegando a Congonhas, peguei um taxi e fui pro hotel encontrar os caras que TINHAM que estar a meu lado nesse show. Os dois companheiros de viagem eram o Shuiti e o Werter. Começamos ouvindo Bohemian Rhapsody durante o recreio da manhã na sexta série de uma fita cassete do Shuiti. E depois disso, não paramos até ver quão profunda era a toca do coelho (parafraseando Lewis Carroll ou Morpheus).

Depois de um certo atraso, fomos então para a Via Funchal. São Paulo sempre se revela uma cidade muito estranha a meus olhos tijucanos. Cada vez que eu a visito, é uma novidade. Dessa vez foi o céu: às 19:40 da noite, eu olhava para cima e tinha a nítida impressão de o sol ter acabado de nascer. Passado esse momento contemplativo, resolvemos "bater um rango", botar o papo em dia e esperar a hora do show. E pô! Como tinha papo para botar em dia! Acho que só isso já mereceria um post à parte.

Chegando à casa de shows (muito legal por sinal, não conhecia), vimos uma imensa concentração de fãs de Queen, como eu nunca tinha visto ao vivo antes. Só em vídeos. Achei muito legal. Pessoas de todas as idades. Desde pré-adolescentes até as já figurinhas carimbadas de show: o senhor e senhora Velho Barrigudo. E todo mundo vestindo a camisa! Muito maneiro mesmo! A casa estava bem cheia, mas era tranqüilo de se movimentar entre o pessoal e achar um lugar com uma visão melhor do que estava por vir. Agora era só vencer a ansiedade.

Conversa vai, conversa vem e as luzes se apagem. Histeria! O imenso telão de LCD anunciava a viagem cósmica. Por um segundo ali naquele momento pensei que nada iria aparecer. Que O CARA não estaria ali diantes dos meus vãos olhos tijucanos. Depois de um interlúdio de raios e trovoadas, eis que surge nos alto-falantes aquele som de guitarra que me conquistou 16 anos atrás, entoando algo que me lembrou muito o começo de Now I'm Here! Roger Taylor aparece subindo na bateria! Porra! O Taylor! Muito foda! E, em seguida, se materializa aquele que é quase uma entidade sobrenatural. Sir Brian Harold May!! The one and only!! The King of Queen!! The man of the curly hair and curly wire!! Empunhando a lendária Red Special, numa imagem meio que como o Rei Arthur chegando numa batalha desembaiando a Excalibur. Isso foi bizarríssimo!!

Logo, a banda entra e Bri manda o riff matador de Hammer to fall!! Foi entoada em coro por todos os presentes embasbacados. As pessoas não cantavam!! GRITAVAM!! Eu não fui exceção. Mas foi uma versão mais curta e logo emendaram em Tie your mother down. Perfeita! Aliás esse começo de show foi um desfile de hits rocks e pops do Queen, incluindo Fat bottom girls, I want it all (com direito a rodinha na hora do solo!). O que foram os solos dessa música?! Puta que o pariu!! A essas seguiram I want to break free e Another one bites the dust. Aliás essas duas foram executadas com um punch tal que me fez rever todo o conceito de não gostar muito delas. Todos em total êxtase! O May estava com tudo no show! Presença de palco absurda!! Com 61 anos nas costas!! Impressionante!! E era ainda mais surpreendente a fidelidade com a qual ele executava todos os arranjos de guitarra! Nota por nota igual à versão de estúdio. É claro que ele colocava uma improvsação aqui e ali, mas tudo que ele fez há cerca de 30 anos estava lá!! E com uma pegada que daria inveja a muito guitarrista de metal de hoje em dia!! É ou não é O CARA?! O mais legal é a tranqülidade e a humildade com a qual ele fazia tudo isso em cima do palco.

Tem início a sessão acústica onde todo mundo já sabe o que vai rolar e mesmo assim é emocionante ouvir o convite de Brian ao público num português meio tímido mas esforçado: "Vocês gostam de cantar? Querem cantar para Freddie?". E então, com seu 12-Strings Ovation, começa a dedilhar Love of My Life. Foda! Eu não pude deixar de me lembrar o quanto eu ouvi essa versão dessa música quando comprei o Live at Wembley. Várias vezes me veio a imagem do CD rodando no player quando eu ia ouví-lo na escura sala-de-estar lá de casa. Eu nem tinha aparelho de CD no meu quarto. Me veio até o cheiro da caixa do discman. Logo que acabou, ele já anuncia a próxima e começa a tocar '39 com a ajuda de Taylor que ficou a seu lado só com uma panderola e o bumbo. Quase no estilo que eles faziam nos anos 70. No meio da música, May interrompe e chama o resto da banda para acompanhá-los.

Ao final dessa música, rola então o solo de bateria do Roger. O mais legal foi que ele começou o solo com o reduzido setup que estava com ele durante a '39. Ao longo do solo, o roadie ia trazendo o resto da bateria aos poucos e ele ia incorporando cada elemento ao solo. Muito bem mandado. Nunca tinha visto nada igual. No final do solo, ele tinha quase que uma cópia da sua bateria que estava lá trás do palco, mas bem na frente, onde nenhuma bateria jamais sonhou em estar. E então ele mesmo começa sua clássica música do disco A night at the opera: I'm in love with my car. Acompanhada air-drum-icamente pelo público presente. Eis que, já que a banda estava de volta mesmo, ele manda Kind of magic na batera e no vocal! Muito bom!

Depois de um tempo, Brian entoa seu já tradicional (e marca-registrada) solo ao estilo de Brighton Rock. Sei que tem gente que não é muito chegado, mas esse não é meu caso. Esses solos são de ficar boquiaberto! A forma com a qual ele trabalha o feedback e o delay é muito clássica!! E eis que, do nada, ele começa a tocar, nada mais nada menos, que Bijou! Essa foi uma surpresa! Para quem não conhece, essa música tem um diferencial: ela tem uma estrutura de uma música normal com um solo no meio, só que a música é toda instrumental de guitarra e o solo é de vocal. Mas não é qualquer vocal! É a voz do Mr. Mercury. Segundo o Werter, seu único defeito é ser bem curtinha. Pois bem, estávamos nós lá ouvindo essa música que é quase um lágrima instrumental, quando aparece no telão a imagem de Freddie fazendo a parte dele! Foda! Como se já não bastasse, ele ainda manda a fodona Last Horizon, de seu disco solo Back to the Light. Com direito a globo de discoteca e tudo dando aquele ar de planetário! Arrepiante!! Aliás, todo o show tinha essa temática, uma possível alusão à recentemente defendida tese de doutorado... (glup!)

Foi, então, hora da sessão pop: Radio Ga-Ga (tudo bem, fazer a parada das palmas foi divertido) e Crazy Little... (sic)

Foi, então, hora da sessão "fudeu"! O riff de baixo de Under pressure toma conta das caixas de som e o público vai ao delírio! Foi executada pela banda e cantada por todos de forma visceral. Algo que eu não esperava para essa música! E depois começa The show must go on. Essa para mim é uma espécie de retrato do Queen e especialmente do Freddie Mercury em seus últimos anos. "Inside my heart is breaking, My make-up may be flaking, But my smile, still, stays on!"

Cara, cantar essa letra sabendo (ou imaginando) tudo que poderia estar passando pela cabeça dele naquela época chega a ser catártico. E depois ainda pensar no que ele ainda queria viver: "My soul is painted like the wings of butterflies, Fairy tales of yesterday, will grow but never die, I can fly, my friends!". Só acho que não foi mais do que o que estava por vir: Bohemian Rhapsody com Freddie Mercury nos vocais. Eu já tinha visto isso no DVD, mas ver ao vivo foi algo de apoteótico! E ainda rolaram cenas do Queen em geral na sessão operística. E assim tem fim o tempo regulamentar.

Na volta do bis, ainda dá tempo para a dobradinha clássica de show, réplica do que foi feito no clássico disco News of the World: We will rock you / We are the champions. Que fique registrado que foi a versão lenta de WWRY, mas que tá valendo. E o show termina com um playback da obirgatória God save the Queen.

Concluindo: o show foi muito, mas muito foda! Foi o que eu falei ao fim do show: foi muito, mas muito foda porque não teve o Freddie Mercury cantando. Porque se tivesse, o show seria. Verbo intransitivo! Não haveria o que falar. Qualquer coisa seria injustiça. Voltando à realidade: som muito bom! É com certeza o melhor som de guitarra que eu ouvi ao vivo! Dava para ouvir cada nota, cada acorde. Ele chegou até a tocar com um modelo SUPER da linha de produção da Brian May Guitar e até com um modelo standard. A equipe está de parabéns! O som estava muitíssimo bem regulado (pelo menos de onde eu estava). Uma coisa muito característica de shows do Queen ao longo de toda a história foi como eles sempre usaram e abusaram de luzes no palco. Ontem não foi diferente! Tudo muito bem coordenado. O set-list estava muito mais para o fã genérico. Também, não tinha como ser diferente.

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