domingo, janeiro 31, 2010

What don't kill ya make ya more strong

A última vez que o Metallica veio ao Brasil foi em 1999. Aí você pensa: "ah, isso foi recente"! Aí eu te falo: pense comigo. Se uma criancinha estava começando sua vida escolar ouvindo Xuxa do alto de seus 7 anos de idade naquele longínquo ano de 1999, ao longo de todo esse tempo, essa mesma criança entrou na puberdade; viveu todos aqueles problemas da adolescência, teve contato com música, rock e metal; entrou no segundo grau; fez vestibular; e agora, já maior de idade, pôde ir sozinho, dirigindo, ao show de ontem do Metallica em suas férias da faculdade. Cara, isso é uma vida!!

Depois de um preço extorsivo e de algumas horas de estrada, estávamos nós em São Paulo para mais um show do Metallica por ocasião do lançamento do Death Magnetic a.k.a. "o verdadeiro sucessor do disco preto". Rolou, então, uma mega confusão para retirada dos ingressos um ultra mega caos para entrar no Estádio do Morumbi. Nunca vi um show tão desorganizado! Chegou uma hora que precisávamos escolher entre correr o risco de perder o início do show em uma fila quilométrica ou furar fila na maior cara-de-pau do universo: opção B na cabeça! Entramos sem maiores problemas e chegamos a ver a última música do Sepultura, que repetia a dobradinha do show da Gávea. Agora era só se embrenhar pela galera em meio às rodinhas já sem energia do fim de Roots Bloody Roots para conseguir um lugar melhor ao sol.


O show começa então com a clássica Extacy of Gold de Enio Morricone, enquanto assistíamos à entrada da banda e ao imediato início de Creeping Death que foi muitíssimo bem recebida e cantada por todos. E, para manter o clima de clássicos, já emendaram em For Whom The Bell Tolls, The Four Horsemen e Harvest of Sorrow (sem a antológica escarrada), que deram uma acalmada em termos de agitação mas foram igualmente cantadas pela galera. O som estava muito bom e as guitarras bem claras apesar de ainda insistirem naquele timbre feio de distorção que vem permeando o som do Metallica recentemente.

Nisso, eu começo a perceber os roadies arrumando um violão do mesmo jeito que o James usava para tocar The Unforgiven na turnê do disco preto. "Ai que merda, vão tocar uma popzinha". E eis que surge Fade to Black. Ficou bem interessante com o violão em vez da guitarra limpa. O solo dessa música foi emocionante e o primeiro arrepio da noite. Esse solo é particularmente especial para mim pois foi um dos primeiros que eu aprendi a tocar. Essa música fazia parte de um songbook do Metallica que meu pai me deu em 1995 (um ano depois de eu começar a tocar guitarra).
Começam a soar, então, aquelas batidas de coração que marcam a primeira música nova, That Was Just Your Life. Esse início é muito empolgante e o pessoal a recebeu quase como já fosse clássica. O ruim é que houve alguma coisa com o som nessa hora, que ficou mais abafado. Depois ainda emendaram na próxima na ordem do disco, The End Of The Line, da qual eu não gosto muito mais foi bastante bem recebida. O engraçado é que, diferentemente das clássicas, que todos os fãs mais velhos sabiam cantar, essas duas foram praticamente levadas no "embromation", com exceção do refrão... hehehe. Segue-se então para The Day That Never Comes, a qual já foi bastante dissecada por aqui. Cabe ressaltar que essa música foi muito boa ao vivo! De verdade! Mas coloquemos dessa forma: a qualidade e fodeza da segunda metade dessa música chega a ser tão absurda quanto a escrotice da primeira parte!


Para a próxima música, eles disseram que iriam dedicar aos amigos do Sepultura, ou melhor, do Sepultura Cover. Eu digo cover porque a essa altura do campeonato, na moral, que banda é aquela? Foi quase poético quando começaram a tocar Sad but true. É claro que eles não devem ter pensado nisso, mas é algo do tipo "essa bandinha tá uma merda mas é isso mesmo!". Em seguida foi uma das melhores música do disco novo: a arrepiante Broken, Beat And Scarred. Sua letra é muito foda e também pode ser entendida como um símbolo da vitória sobre tempos difíceis recém-enfrentados: What don't kill you make you more strong!!

Tem início então a sequência de pirotecnia que marca o início de One. Só consigo pensar "porra o James não aprende". O estranho dessa música foi que deu para perceber uma coisa inusitada: todo mundo sabe que o Lars é limitado e tudo mais, ok. Mas o interessante é que o outros membros do Metallica parecem já estar vacinados contra isso. Parece que sabem quando ele vai errar ou já estão previnidos para que não errem também. Veio então o clássico maior Master of Puppets em sua versão na íntegra. Sempre acho arrepiante quando eles tocam aquele clássico solo de guitarra dobrada. Em seguida, a música que eu sempre quis ver ao vivo: BLACKENED!! Muito maneira e arrepiante. Meu pescoço está ainda um pouco doendo por causa dessa música!! O único ponto fraco é que o solo estava um pouco estranho. Diga-se de passagem: esse foi o único solo estranho da noite. Todos os outros foram tocados nota por nota pelo Kirk, que estava com um som de guitarra muito bom!

Nisso, eles retomam a porção pop do show para agradar as crianças presentes no público. Destaques para o solo do James na Nothing Else Matters e para o som que voltou a ficar claro no meio da Enter Sandman. Não preciso nem dizer que as músicas foram as mais bem recebidas pela galera... ai ai ai. E teve fim o tempo regulamentar.

Cabe aqui um comentário sobre o público paulistano: eles não sabem rimar. Para pedir bis, gritavam: "Olê olê olê olêêêêê, Metallicaaaaa". Não dava para ser "Olê olê olê olaaaaa"? Porra! Kirk então volta tocando o riff do começo de The Frayed Ends Of Sanity. Ao mesmo tempo que pensei "foooda!", eu pensei "quando eles voltam para o bis, sempre tocam um riff que não vira música depois". Algumas pessoas até tentaram entoar o corinho, mas não deu. Então James aparece e explica que esse é o momento que eles tocam um cover e diz "a banda de hoje ééééé... ". Fez um certo suspensezinho e depois disse "Queen" emendando no começo de Stone Cold Crazy. Muito foda ver essa ao vivo!!

Ao final, rolou uma, pásmem, virada de bateria do Lars!! Ohhhhh! E vem o riff matador de Motorbreath!! Outra ótima surpresa!! E eles fazem novamente um cu-doce do tipo "acabou" quando todos sabiam que ainda faltava uma música. Fato pitoresco foi ver nessa hora (se não me engano) Kirk tirar um iPhone do bolso e começar a filmar a galera. James fica olhando para ele e diz: "Hey Kirk, what are you doing, man? Making a video? We have people to do that!"... hehehe.
A galera então pede em coro Seek and Destroy. Detalhe: essa música foi tocada em quase 100% dos shows dessa turnê. Sabe-se que é a última música. Por que neguindo pede a última música?? Porra!

Acontece, então, um curioso diálogo.

Galera: "SEEK AND DESTROY!! SEEK AND DESTROY"

James: "Do you like that song?"

Galera: "YEAHHHHHH!!"

James: "Why?"

Galera: "SEEK AND DESTROY!! SEEK AND DESTROY"

James: "Oh, because the lyrics are easy?! Ok."

Galera: "YEAHHHHHH!!"

Depois os gringos acham que tem só índio aqui e a galera não sabe o porquê. Se bem que, em defesa do público, como seria possível responder a "Why?" em coro? Bem, então James dá início a Seek and Destroy que é cantada já com aquela pelada de saco clássica "We are scanning the city in Sao Paulo tonight!". E o showzaço chega ao fim. Conclusão: show muito fodão!! Minha gasganta está doendo até agora de tanto cantar! Achei muito boa a decisão de não tocar nada que foi lançado entre o Disco Preto e o Death Magnetic. E o fato de estar recheado de clássicos antigos foi absurdamente bom!! O único disco que foi representado por apenas uma música foi o Master (ok, muito bem representado!). Poderia ter tido Disposable Heroes. Fora isso, acho que poderia ter rolado também All Nightmare Long. Daí teria sido perfeito! Redondinho: 20 músicas!

Galera que foi ao show.

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2 Comments:

At 12:53 PM, Blogger Maila-Kaarina said...

oiii!!!
Passei para te convidar a ler meu novo blog, Aurora Borealis. Vc viu que eu publiquei a resenha do metallica do Hard Blast com as suas fotos? Espero que tenha gostado!!! Eu adorei as fotos.
o link pro blog é: www.puolisuomalainen.blogspot.com
Beijo grande em vc e na Maria Paula!

 
At 10:23 PM, Blogger Jotun said...

Me dá uma certa dor no coração não ter ido nesse show (na verdade, não ter ido no show do domingo, porque o setlist foi ainda mais sinistro), mas minha revolta por marcarem o show extra em São Paulo e o ingresso mercenário não me deixaram ir até lá.

De qualquer maneira, ver Seek and destroy e Blackened ao vivo deve ter sido sinistro! As músicas novas também queria ver como ficam ao vivo...

Bom, quem sabe daqui a dez, onze anos eles voltam de cadeira de rodas e fazem um showzinho aqui no Rio.

Abraços!

 

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