Você tem que passar no vestibular!!
"Eu não sei nada! Eu não sei nada!"
Francis "Chainsaw" Gremp
(Curso de Verão - 1987)
Há exatos 10 anos, acordei bem cedo. Era uma manhã cinzenta de domingo, há muito tempo esperada e para a qual houve muita preparação. Não lembro se comi alguma coisa, mas acho que sim. Meu pai passou lá em casa na hora marcada, que, diga-se de passagem, tinha uma margem de segurança absurda. Deu tempo ainda de ele passar na padaria para tomar um café da manhã rápido.
Chegando ao campus da UERJ, minha barriga já começava a fritar. Havia pouquíssimas pessoas por lá, algumas das quais vendiam lápis e caneta para os mais esquecidos. Lembro de ir com a camisa que minha turma fez para o fim do terceiro ano: aquela que foi proibida pelo reitor. A camisa mostrava uma caricatura do reitor com sua tradicional batina de monge beneditino. Essa caricatura foi feita pelo Aroeira (sim! o próprio!) com base numa foto de uma revista da minha avó. Essa revista ele tá me devendo até hoje, mas isso é outra história. Fato é que o desenho mostrava o reitor levantando a parte de baixo da batina dizendo: os rapazes tem um grande incentivo pois só verão outra saia que não a minha na universidade!
O objetivo da camisa era meio que mostrar que eu era do time do São Bento! Que tinha estudado que nem um corno enquanto meus concorrentes ficavam olhando para as pernas de suas coleguinhas de turma e que, enquanto eles estavam namorando e tals, eu estava em casa e-s-t-u-d-a-n-d-o!! Era, no final das contas, para meter aquele medo extra na galera. Simple as that! E do jeito que eu tava ansioso e nervoso por essa prova, toda ajuda era bem vinda.
Comecei a circular, então, pelo lugar já notando que um dos vestibulandos estava lendo livro de matemática (pelo qual eu também estudei). Na hora, lembro que eu pensei: coitado, esse já era. Cara, se tu tá nessa de ler agora, tu tá é perdido! Aos poucos, pessoas conhecidas foram chegando e as conversas foram girando em torno de um assunto recorrente entre nós beneditinos: o quanto nós havíamos apostado alto. Tínhamos que passar de um jeito ou de outro! Não tinha desculpa! Estudou no melhor colégio? Agora prova que valeu a pena!!
Deu 7 e pouco, entramos e cada um foi para sua sala. Eu deveria fazer minhas provas não-específicas para o vestibular da UFRJ: inglês (molezinha), biologia (acho que consigo me dar bem), história (glup!) e geografia (fudeu!). Fiz as provas nessa ordem. Lembro que em uma das perguntas, minha resposta não deu no espaço certo e escrevi uma linha a mais. Isso me deixou MUITO nervoso na hora e depois. Fiquei pensando que minha prova poderia ser anulada.
Na prova de história, tinha uma questão que perguntava o nome do movimento cultural que houve na Bahia nos anos 60. Pensei: caralho! Não faço a menor idéia! Mas, depois, na fase de enrolação quase no fim da prova comecei a pensar: movimento cultural. Pô, o que é cultura? Ah, música, teatro, dança, literatura, arte em geral. Vamos lá! Música... Agora, música na Bahia. Música na Bahia é foda... só tem merda... mas peraí... tem o João Gilberto... ele é um cara legal... Gilberto Gil e Caetano também são... Nesse ponto, comecei a pensar em músicas do Caetano... uma das que eu pensei foi aquela: "olha a bossa-ssa-ssa, viva a palhoça-ça-ça-ça"... que música é essa? - pensei. Peraí! É Tropicália!! Cacete!! Tropicalismo!!! Oh yeah!! Essa foi divertida... hehehe.
A prova terminou, entreguei o que consegui fazer e fui embora. Mas a prova ainda continuou dentro de mim. Sabia todas as questões de cor! Sabia todas as minhas respostas também. Comecei a ver com professores meus quanto eu poderia ganhar com cada resposta. Tinha feito altas estatísticas para calcular minhas notas. Eu lembro que teve algumas vezes que deitado na minha cama sem conseguir dormir, eu acendia a luz do quarto, pegava a calculadora e começava a fazer contas. Só depois de ver um número um pouco mais bonitinho, que eu conseguia deitar.
Foi uma época muito tensa. Eu tinha um calendário com a data de cada prova para ir riscando ao longo do caminho. Nossa, dá um nervoso só de lembrar. Ainda bem que já passou.
Essa prova da UFRJ foi a minha primeira, no dia 23/11/1997.
Chegando ao campus da UERJ, minha barriga já começava a fritar. Havia pouquíssimas pessoas por lá, algumas das quais vendiam lápis e caneta para os mais esquecidos. Lembro de ir com a camisa que minha turma fez para o fim do terceiro ano: aquela que foi proibida pelo reitor. A camisa mostrava uma caricatura do reitor com sua tradicional batina de monge beneditino. Essa caricatura foi feita pelo Aroeira (sim! o próprio!) com base numa foto de uma revista da minha avó. Essa revista ele tá me devendo até hoje, mas isso é outra história. Fato é que o desenho mostrava o reitor levantando a parte de baixo da batina dizendo: os rapazes tem um grande incentivo pois só verão outra saia que não a minha na universidade!
O objetivo da camisa era meio que mostrar que eu era do time do São Bento! Que tinha estudado que nem um corno enquanto meus concorrentes ficavam olhando para as pernas de suas coleguinhas de turma e que, enquanto eles estavam namorando e tals, eu estava em casa e-s-t-u-d-a-n-d-o!! Era, no final das contas, para meter aquele medo extra na galera. Simple as that! E do jeito que eu tava ansioso e nervoso por essa prova, toda ajuda era bem vinda.
Comecei a circular, então, pelo lugar já notando que um dos vestibulandos estava lendo livro de matemática (pelo qual eu também estudei). Na hora, lembro que eu pensei: coitado, esse já era. Cara, se tu tá nessa de ler agora, tu tá é perdido! Aos poucos, pessoas conhecidas foram chegando e as conversas foram girando em torno de um assunto recorrente entre nós beneditinos: o quanto nós havíamos apostado alto. Tínhamos que passar de um jeito ou de outro! Não tinha desculpa! Estudou no melhor colégio? Agora prova que valeu a pena!!
Deu 7 e pouco, entramos e cada um foi para sua sala. Eu deveria fazer minhas provas não-específicas para o vestibular da UFRJ: inglês (molezinha), biologia (acho que consigo me dar bem), história (glup!) e geografia (fudeu!). Fiz as provas nessa ordem. Lembro que em uma das perguntas, minha resposta não deu no espaço certo e escrevi uma linha a mais. Isso me deixou MUITO nervoso na hora e depois. Fiquei pensando que minha prova poderia ser anulada.
Na prova de história, tinha uma questão que perguntava o nome do movimento cultural que houve na Bahia nos anos 60. Pensei: caralho! Não faço a menor idéia! Mas, depois, na fase de enrolação quase no fim da prova comecei a pensar: movimento cultural. Pô, o que é cultura? Ah, música, teatro, dança, literatura, arte em geral. Vamos lá! Música... Agora, música na Bahia. Música na Bahia é foda... só tem merda... mas peraí... tem o João Gilberto... ele é um cara legal... Gilberto Gil e Caetano também são... Nesse ponto, comecei a pensar em músicas do Caetano... uma das que eu pensei foi aquela: "olha a bossa-ssa-ssa, viva a palhoça-ça-ça-ça"... que música é essa? - pensei. Peraí! É Tropicália!! Cacete!! Tropicalismo!!! Oh yeah!! Essa foi divertida... hehehe.
A prova terminou, entreguei o que consegui fazer e fui embora. Mas a prova ainda continuou dentro de mim. Sabia todas as questões de cor! Sabia todas as minhas respostas também. Comecei a ver com professores meus quanto eu poderia ganhar com cada resposta. Tinha feito altas estatísticas para calcular minhas notas. Eu lembro que teve algumas vezes que deitado na minha cama sem conseguir dormir, eu acendia a luz do quarto, pegava a calculadora e começava a fazer contas. Só depois de ver um número um pouco mais bonitinho, que eu conseguia deitar.
Foi uma época muito tensa. Eu tinha um calendário com a data de cada prova para ir riscando ao longo do caminho. Nossa, dá um nervoso só de lembrar. Ainda bem que já passou.
Essa prova da UFRJ foi a minha primeira, no dia 23/11/1997.