Em 1996, eu tinha lido um livro para a aula de português. Acho que era O Cortiço. Mas também poderia ter sido Vidas Secas. Não lembro mais. Fato é que a prova referente a esse livro foi num sábado (sim, eu tinha aula aos sábados - isso merece um post futuro). E logo depois da aula, eu fui com o meu pai na casa do meu tio, irmão dele e então professor universitário de teoria da literatura. Eu sempre achei bastante singular a visão que ele tinha em relação à literatura. Bem, ele sempre teve (e tem até hoje) uma visão singular sobre muitas das coisas da vida (mais uma idéia de post futuro). Ele já me disse, mais de uma vez, que achava que criança não deveria ler esses livros pedidos nas escolas. "Criança tem que ler é gibi!" - dizia ele.
Sabendo então de toda essa perspectiva que ele tinha, mostrei a prova do livro para ele. Eu tinha até ido bem apesar de algumas questões decorebas. Tinha uma questão que perguntava algo do tipo "o que o autor queria dizer com tal atitude de tal personagem?". Assim que meu tio leu a questão, perguntou: "Por acaso, sua professora estava ao lado do autor quando ele escreveu o livro? Como é que ela sabe o que ele quis dizer?" Realmente, não podemos colocar palavras na boca das pessoas ou mesmo assumir que ele quis dizer o mais óbvio.
Ontem, me lembrei dessa história. Estávamos eu e a Maria Paula na Missa. Já tínhamos acabado de receber a comunhão quando, de repente, se ouvem alguns barulhos fortes de vento. O Padre faz mais uma oração e a chuva começa a apertar. Ele, então, faz que vai continuar, mas não satisfeito, manda a pérola: "Teve gente que saiu logo depois que recebeu a comunhão. Deus quer que fiquemos até o final... até a chuva passar." No que eu pensei: "Putz... desnecessário!" E então não mais que de repente, a luz vai embora deixando a igreja num breu só, como se fosse a resposta de Deus: "não ponha palavras na minha boca!". E, então, a chuva dá uma apertada absurda! Aí já é Deus falando "Iaaaaai!!". Mas caiu tanta água que tivemos que ficar um tempo a mais na igreja escura e molhada e de portas fechadas pois as ruas estavam alagando! Ah se tivéssemos saído antes, hein seu padre?!
PS: sacaram a meta-linguagem?