terça-feira, fevereiro 07, 2006

Flick of a Wrist

No último dia 19 de janeiro, aconteceu uma coisa que bagunçou totalmente a minha vida. Até esse dia, pelo andar da carruagem, eu iria pra Alemanha em março passar seis meses em Dresden trabalhando com chips SIMD para a Vodafone. Eu já estava psicologicamente preparado para isso. Eu lembro de estar falando com a Ana sobre isso: "ah, se sair essa bolsa do DAAD, eu vou!". Era só o que faltava: a bolsa do DAAD. Não era muito, mas era uma boa ajuda. Fora que o pessoal de Dresden tinha dito que pagaria um apartamento e a bolsa do CNPq ainda seria mantida. Ou seja, eu iria pra Alemanha e ponto final. Quer dizer, a não ser que a bolsa não saísse.

Mas voltando, estava eu conversando com a Ana a respeito da Alemanha quando meu celular toca. "mamae cel". Do outro lado da linha veio a frase fatídica: "Chegou um telegrama. O que eu faço?". Pensei: "não pode ser da Petrobrás. Fiz o concurso há séculos..." e disse "Ué, lê pra mim!". Então minha mãe começa a ler o telegrama dizendo que eu estava sendo convocado para apresentar meus documentos, segundo o edital do concurso da Petrobrás feito em 2004. Minha resposta foi apenas um "caralho..." (desculpem o palavriado, mas estou sendo fiel aos fatos).

Desliguei o telefone e a Ana ainda olhava pra mim pois nossa conversa havia sido interrompida por alguma coisa que parecia ser séria. Eu só consegui falar "passei pra Petrobrás". Todos que estavam aquela hora no LPS se viraram e começaram a me cumprimentar. Eu ainda não tinha conseguido processar a informação. Todos estavam me dando parabéns até perceberem minha cara de "tá... e agora? o que eu faço?". Foi aí que os parabéns se transformaram em "ah, pelo menos agora você tem duas boas opções!".

De um lado, a vida acadêmica, o doutorado, a viagem pra Alemanha, a pesquisa, as aulas. Do outro um mundo estranho: trabalhar como engenheiro da Petrobrás. Como é que é isso? Eu teria que fazer aquele curso preparatório de 10 meses e só depois saber com o que eu iria trabalhar.
Mas é um empregão: bom salário, estabilidade, trabalhar com engenharia (no Brasil, o que é bem difícil), uma carreira pela frente. Por outro lado, a vida acadêmica estava sendo minha vida até então. Ela estava realmente fazendo justiça ao nome "vida". Passei um bom tempo naquele laboratório com aquelas pessoas que sempre estiveram ao meu lado. Isso era a minha VIDA.

Agora o que eu poderia fazer? Essa história (sobre essa decisão) ainda não acabou. Talvez não acabe nunca. Eu nunca abandonarei o doutorado. Sei que durante o curso de formação, não poderei levar o doutorado, mas depois terei que mostrar que tenho a garra que as pessoas pensam que eu tenho. Espero que elas estejam certas. O fato de ter caras muito bons tendo dificuldades pra levar a Petrobrás e o doutorado juntos me assusta. Mas acho que é possível. Vamos ver... No final, se eu não estiver gostando, depois de um tempo eu saio. Eu volto pra universidade. Volto a tentar submeter artigos e retomar as coisas do ponto em que pararam.

Acho que agora eu preciso ir pra Petrobrás e ver qual é. É um caminho desconhecido, mas tentarei segui-lo da melhor forma. Sei que tenho pessoas muito especiais ao meu lado pra me apoiar. Sempre tive. E a cada passo que dou nessa vida, vejo que esse grupo tem não só aumentado em quantidade quanto em força. Muito obrigado!! Eu não sou ninguém sem vocês!!

2 Comments:

At 7:16 PM, Blogger Zitolito said...

Dini,

Apesar de não ser uma pessoa especial (só se for no sentido maluco), também vou te apoiar qualquer que seja a decisão (mas vc sabe a minha opiniao). Boa sorte. Existe um time de futebol na Inglaterra que todas as vezes que entra em campo sua torcida canta uma música entitulada "You'll never walk alone". Lembre-se disso, sempre que puder, mesmo contigo longe, me esforçarei para estar perto e te ajudar no necessário.

Abraços,
Tadeu.

 
At 8:23 AM, Anonymous Anônimo said...

ohmmm!
eu também me esforçarei para te ajudar em tudo... mas quero ter vc sempre perto.
Bjokas

 

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